Estamos na Era do Entregável

Estamos em uma geração de disrupção e transformação. Parte de nós ainda lembra do funcionamento analógico, outra parte já nasceu digital ou ainda está se atualizando.

Estamos mudando do estático para o elástico. No início, a complexidade que a tecnologia nos trouxe era fascinante.

Mais features, mais integrações, mais apps, mais conteúdo, mais sombras e dimensões, mais processamento, mais metodologias, mais botões, mais, mais e mais.

Tudo isso gerou entusiasmo, evolução e claro, vendas.

Até então, fomos movidos por novidades e adições. Mesmo que muitas dessas novidades não tivessem utilidade, só de tê-las já era sexy.

As empresas se tornaram organismos em constante evolução, aderindo tudo que era possível a procura de uma solução. Novos produtos, novas funcionalidades, diferentes redes sociais, canais de comunicação…

Em meio a tanta coisa, esqueceram de entender o verdadeiro problema a ser resolvido de seus clientes.

Com isso, sugiram diversas novas metodologias e produtos para tapar esses buracos e tentar solucionar esses problemas. Design thinking, Bullseye, Lean, etc.

Todos esses tentando se provar dia após dia, apresentando-se sempre como o mais inovador do mercado.

Já estamos cansados de ser impactados por uma nova metodologia que fará com que você consiga mais clientes em 3 meses, uma lista de growth hacks definitivos que farão crescer sua startup ou até um novo aplicativo de gerenciamento financeiro que fará com que você poupe mais em dois meses.

A grande verdade é que hoje o grande desafio das empresas é simplificar, integrar e resolver. Estamos na era do entregável.

Nós, usuários e clientes, não compramos mais apenas uma metodologia ou funcionalidade.

Por mais esses ainda sejam atributos extremamente importantes em todo processo de conhecimento, consideração e compra.

No final do dia, nós compramos um resultado, uma promessa de um entregável. Seja ela uma simplificação de um processo atualmente custoso ou uma nova maneira de contratar um serviço.

Em meio a tudo isso, para sua startup ou empresa ter sucesso, precisa assumir um mindset composto por 3 critérios bases:

 

Entender o usuário usando empatia

Hoje você sabe 100% quem é seu usuário, amanhã você saberá 90% e na semana que vem você saberá 50%. Isso pois ao deixá-lo de lado, você cada dia menos sabe quem ele é.

Nós, usuários, nos tornamos questionadores ativos. Queremos saber cada dia mais como funcionam as coisas, porque foram criadas, como poderiamos melhorá-la.

O constante entendimento do seu usuário ou cliente é vital – da maneira com que ele se comporta, que conteúdo consome, o que procura e como procura à maneira com que ele interage com seu produto e com seu time.

Só tendo uma conexão direta e empatia com seu usuário você conseguirá tirar insights sobre como pode ajudá-lo.

Isso significa realizar entrevistas recorrentes, engajar e clusterizar sua base, atualizar suas personas – ter um contato realmente direto com seu usuário.

“User-centered design means understanding what your users need, how they think, and how they behave — and incorporating that understanding into every aspect of your process.” – Jesse James Garrett

 

Focar no problema a ser resolvido

Junte todo o material e informações que você coletou no processo de entendimento de seu usuário e então comece a encorporar em seu processo.

Foque no que realmente seu usuário precisa, qual é realmente o problema a ser resolvido.

Se você fosse ele, o que faria sentido utilizar? O que realmente faria a diferença no seu dia a dia?

Por exemplo, se seu produto for um app para simplificar a emissão de contratos imobiliários, entenda todo o processo de criação à emissão desses contratos.

Comece mapeando todas as interações, identifique os pontos mais demorados e difíceis, sublinhe os pontos mais importantes, entenda toda a cadeia e simplifique o que realmente fará diferença para quem está utilizando.

Não gaste tempo criando funcionalidades que você acha que vai funcionar simplesmente por achar.

Invista seu tempo no que realmente é core para seu usuário e só então comece a pensar em melhorias ou novas funcionalidades.

Priorize suas funcionalidades em uma matriz de impacto e retorno. Se sua funcionalidade impactar pouca gente e ter um retorno baixo, anule e mude o foco.

“Don’t make something unless it’s both necessary and useful. But if it is both necessary and useful, don’t hesitate to make it beautiful.” – Josh Porter

 

Analisar, aprender e simplificar

Pense sempre na curva de aprendizado que seu produto ou serviço têm. Pergunte-se como você pode diminuir essa fricção, simplificar.

Diminua a fricção no entendimento do seu produto, na contratação, na comunicação com seu time.

Nós não lemos mais nada, temos preguiça de aprender e somos altamente movidos pela emoção e recompensa.

Lembre-se que o primeiro contato de seu usuário com seu produto é valioso.

Segundo a Quettra, 77% dos usuários de um app deixam de usá-lo após 3 dias da instalação. E com base nos dados da Baymard Institue, a taxa média de abandono de carrinho/compra é de 69%.

Por isso, pense sempre no seu processo de onboarding com excelência, elimine as distrações e simplifique.

Crie um tutorial guiado, inicie pedindo só informações necessárias de seu usuário e enriqueça com base em seu engajamento, analise seus heatmaps, assista incansávelmente screen recordings e teste, teste, teste! Menos, é mais.

“Simplicity is about subtracting the obvious and adding the meaningful.” – John maeda

 

Em resumo, em meio a tanta distração e competição fica difícil de escolher qual é a melhor solução do mercado.

Se todas as empresas se apresentam como a mais inovadora do mercado, o que as diferencia?

Só empresas que tiverem o mindset focado no entendimento cíclico do usuário, que criarem soluções matadoras para seus problemas e simplificarem todo o processo ao máximo serão destacadas.

Isso pois no final do dia, não procuramos features, buscamos uma solução, um entregável.